Transtorno de déficit de Atenção / Hiperatividade
Aline Pozzer da Silva*
Na palestra ministrada pelo Médico pediatra e de adolescentes João Celestino Quadros intitulada “Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade” foram abordados os sintomas e as possíveis maneiras de lidar com esta situação freqüentemente encontrada nos bancos escolares mas de difícil identificação quando não lançado um olhar sensível sobre o aluno.
O TDA/H (Transtorno de déficit de atenção / hiperatividade) é um distúrbio de longa duração e geralmente se estende até a vida adulta. Os sintomas principais são desatenção, hiperatividade e impulsividade. Mas o que se sabe é que as crianças recebem rótulos como: avoados, pouco inteligentes, indisciplinados, malcriados e problemáticos quando detectadas tais características.
Os fatores decorrentes desse transtorno interferem na área cognitiva, mas não se ligam ao fator inteligência. A deficiência não ocorre só com a atenção, pois envolve o distúrbio do desenvolvimento adequado da inibição e modulação das respostas; do autocontrole. Assim, na vida adulta a pessoa passa a não obter bons resultados pela dificuldade em executar os projetos assumidos, por exemplo.
Dessa forma o TDA/H é o motivo desencadeador para encaminhar o aluno em questão para uma avaliação. Se o professor for observador e perceber que algo diferente está acontecendo com o aluno deve imediatamente solicitar à escola e esta à família exames para assim, encontrar soluções.
A realidade é que se busca muito tardiamente encontrar soluções para o problema. Uma vez que os sintomas são muito inespecíficos e às vezes há relutância da família. Mas é muito importante lembrar que esse transtorno mexe muito com a auto-estima da pessoa ocasionando doenças como a depressão, permitindo também a exclusão do indivíduo na vida social com a dificuldade de relacionamentos.
Sabemos que o TDA/H é uma das causas do fracasso escolar e que é manifestado em grande parte nos meninos. Esse transtorno atinge de 3 a 7% das crianças e sua ocorrência se dá através do fator genético. Por isso, é muito interessante pesquisar se há casos compatíveis na família. Além disso, é importante ainda identificar se os comportamentos apresentados se manifestam por variadas vezes.
A criança em idade escolar demonstra alguns sintomas de TDA/H quando se perde facilmente no foco da tarefa; é desconcentrada quando não tem interesse, caso contrário é hiper-concentrada; comete erros por descuido e é capaz de reconhecê-los em outro momento em conteúdos que reconhecidamente domina; burla o seu próprio déficit quando finge estar copiando algo do quadro quando na verdade está rabiscando ou desenhando. É muito comum essa criança funcionar apenas sob pressão, e se tiver que realizar mais que uma tarefa em seqüência certamente não se recordará nem da primeira tarefa solicitada.
A desorganização é também marcante nesses casos em que há várias tarefas a serem realizadas mas nenhuma se completa, apesar de serem inúmeras as tentativas para realizar as tarefas. Uma criança com TDA/H é barulhenta, fala muito, não pára na sala de aula, é ativa e inquieta. Freqüentemente é advertido pela professora, não espera a sua vez, fala quando não deve, interrompe, responde sem ouvir a pergunta por inteiro e é inadequada.
Algumas crianças ainda, não têm noção de perigo. Sobem em locais perigosos, se machucam freqüentemente envolvendo-se em muitas situações de risco. São insistentes e têm baixa tolerância à frustração.
Todos os sintomas apresentados são de fácil reconhecimento. Mas muito se fala sobre o assunto e pouco se sabe. Por isso, antes de rotular ou diagnosticar de imediato uma criança ou adolescente, se faz necessário conhecer o funcionamento cerebral desse transtorno.
Os genes envolvidos são múltiplos e é no córtex pré-frontal que é responsável pela memória e organização das funções executivas que ocorre a dificuldade no aproveitamento das substâncias liberadas de um neurônio a outro. Pode-se até mesmo comparar com a gasolina adulterada abastecida num carro, por exemplo. Essas substâncias são a dopamina e a noradrenalina, que se transmitem por toda a extensão.
Por tratar-se de um fator neurofisiológico há a necessidade de uso de substâncias químicas para regular a transmissão e o aproveitamento das substâncias. Dessa maneira, o diagnóstico clínico se baseia em histórias detalhadas de pessoas significativas à vida da criança ou do adolescente; e também de problemas que não são a hiperatividade como o humor, o aprendizado, tiques, comportamentos ansiosos ou depressivos. Depois de analisado adequadamente o quadro em que se encontra o paciente a medicação surge como forma de intervenção, mas nem sempre é a cura do problema.
Ao professor é de fundamental relevância que auxilie a família na busca de soluções ao perceber no aluno comportamentos semelhantes ao TDA/H. Mas o seu trabalho não pára nessa observação. Deve-se conhecer e trabalhar técnicas que auxiliem os alunos com esse transtorno a apresentarem melhores resultados. Isso poderá em alguns casos ajudar o aluno a minimizar o problema.
Referências possíveis para consulta:
No mundo da lua
Levados da breca
Mentes inquietas
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