FESTAS JUNINAS: À CAIPIRA OU À GAÚCHA?
Estamos no mês de junho. E nas ruas, cruzamos com adultos conduzindo meninos e meninas pela mão, com as suas mochilas escolares, travestidas de caipira: calças apertadas e à meia-canela, com remendos multicolores, dentes pintados de preto, bigodes de tinta "guache", vestidinhos de chita, chapéus de palha desfiada, tranças compridas, faces pintadas de vermelho. Nas escolas, vão comemorar o espírito das festas juninas... parece um carnaval de inverno, e o que é pior: crianças fantasiadas de caipira, ridicularizando um tipo humano brasileiro de outra região de nosso país que, em verdade, não é um palhaço como querem que os representem.
Lamentavelmente, algumas escolas, orientados por mestres desinteressados com a divulgação e preservação do patrimônio sócio-cultural do seu povo, programam festas juninas e induzem as crianças a se vestirem à caipira, fazendo-as executarem danças do nosso folclore gaúcho, como o pezinho, o maçanico, etc. Um verdadeiro anacronismo cultural: caipiras (ridicularizados) executando danças tipicamente gaúchas!
Pois bem, o movimento tradicionalista o organizado já completou mais de 50 anos de existência, com mais de 1500 entidades filiadas, inclusive no exterior, divulgando e cultuando as nossas mais caras tradições, com acesso direto no ensino básico, através do projeto "M.T.G. vai à escola". E mesmo assim, nos surpreende que, diante do trabalho ativo que o M.T.G. vem realizando nos grupos locais, nos bairros, nas cidades, na mídia, e a própria inserção da disciplina de folclore nos currículos escolares, alguns mestres cometam este desrespeito com as tradições e costumes dos nossos gaúchos e de nossos irmãos paulistas.
As festas juninas no RS, no seu real sentido folclórico, é comemorada com a nossa própria indumentária, que é simples, feita para pessoas simples: bombacha, lenço no pescoço, vestido de prenda, botas, guaiaca, etc. E a comemoração atinge o seu ponto máximo no dia 29 de junho, dia nosso padroeiro, São Pedro: com a fogueira característica (base triangular), mastro com bandeira, danças como o pezinho, o balaio, o maçanico; comendo arroz-de-carreteiro, paçoca de pinhão, manapança, galinha encilhada, batata-doce; bebendo quentão, pula-macaco ou concertada.
Festejar o dia de São Pedro, além do sentido hilariante e divertido da festa, com as suas brincadeiras próprias, tem um sentido de religiosidade e respeito pelas coisas que fazem parte do nosso acervo cultural, do qual temos o maior orgulho e o que nos torna diferentes e respeitados dos demais irmãos brasileiros. Nós, os gaúchos, temos tradições a cultivar e história para contar. Não precisamos importar nada de nossos patrícios e muito menos do além-fronteira. Somos dentro da federação, um povo que o cadinho das guerras e revoluções fez temperar um tipo humano, cuja presença em qualquer lugar, se faz respeitar. Vamos respeitar as culturas de nossos irmãos e não deturpá-las, e comemorar as festas juninas da forma como nos sentimos gaúchos de verdade: sem máscaras ou fantasias, de cara limpa!
JUAREZ NUNES DA SILVA
Academia de História Militar Terrestre do Brasil
Instituto de História e Tradições do RS
Presidente da Associação dos Artilheiros Antiaéreos
Vice-Presidente da Liga de Defesa
Academia de História Militar Terrestre do Brasil
Instituto de História e Tradições do RS
Presidente da Associação dos Artilheiros Antiaéreos
Vice-Presidente da Liga de Defesa
Veja também: http://www.paginadogaucho.com.br/fest/fjc.htm